A apenas 17 quilômetros do centro de Caruaru (Pernambuco), a comunidade de Sítio Fundão enfrenta uma realidade de isolamento, vulnerabilidade e sede. A escassez de água potável é o maior desafio enfrentado pelas famílias da localidade, e essa situação é agravada pela falta de transporte público regular e pela precariedade das estradas.
Dona Maria José dos Santos, de 66 anos, moradora do Fundão desde que nasceu, resume essa realidade: “Aqui a gente não tem água nem pra beber.” A água que sai dos poucos poços existentes é salobra e imprópria para consumo. A alternativa? Comprar água de caminhões-pipa com o pouco que se recebe de programas sociais como o Bolsa Família.
Uma das consequências da falta d’água potável é a dificuldade de produzir alimentos, tanto para autoconsumo quanto para geração de renda. Hortas comunitárias e quintais produtivos, por exemplo, tornam-se impossíveis de manter.
Um projeto construído com quem vive a realidade
Foi a partir da escuta dessas demandas que nasceu um projeto conjunto entre três organizações: a Associação Mãos que Acolhem (formada pelos moradores do Fundão), o Espaço Feminista e o Instituto Terra Viva do Brasil.
O projeto consiste no estudo e desenvolvimento de captação, tratamento e distribuição de água potável para uso doméstico e para o cultivo de plantas e hortaliças em um viveiro coletivo. Assim, pretendemos garantir o acesso à água e melhorar as condições de vida em Sítio Fundão.
Objetivos do projeto:
1. Desenvolver uma infraestrutura de captação, tratamento e distribuição d’água a partir de um estudo técnico específico, considerando variáveis sociais e decisões coletivas;
2. Desenvolver, junto à comunidade, viveiro e sementeira para plantas comestíveis, nativas em extinção e resistentes a seca que contribuam para segurança hídrica da região;
3. Desenvolver um processo social de cuidado contínuo, comprometido com a manutenção dos equipamentos e o desenvolvimento das plantas;
4. Ter em perspectiva o apoio a iniciativas de melhoria de renda das famílias.